Ursos polares deixam mensagens em suas pegadas

6348668536_2231c31c4b_zSe um urso polar te disser para falar com a mão dele, não se ofenda. Os animais parecem se comunicar uns com os outros através de trilhas de cheiro deixadas por suas patas. Suas trilhas contam uma história para outros ursos que estejam passando por seu habitat, ajudando parceiros em potencial a se encontrarem – enquanto houver habitat, né.

Enquanto cruzam o nevoso ártico, ursos polares são normalmente solitários, porém, em outras espécies de ursos solitários, por exemplo, os animais deixam mensagens uns aos outros esfregando seu corpo ou urinando em árvores ou rochas. Estes objetos podem se tornar quadros de avisos para a sociedade dos ursos, mas o lar gelado dos ursos polares não possuem muitos objetos verticais para se esfregar.

No passado, pessoas perceberam que algumas vezes, ursos polares farejavam as pegadas de outros ursos. Poderia haver alguma informação química escondida na trilha desses gigantes?

Para descobrir, pesquisadores do Zoológico de San Diego, da Polar Bear International de Bozeman, Montana, e do Centro de Ciência do Alaska coletaram amostras de odor das patas de 203 ursos polares selvagens, e todas obtidas na primavera, quando ursos polares acasalam. Para capturar o odor de cada urso, os pesquisadores esfregaram um cotonete entre os dedos da pegada.

Os cientistas classificaram essas amostras de odor das patas pelo tipo de urso que a fez. Era macho ou fêmea? Se fêmea, ela estava no período fértil?

A partir daí, os pesquisadores foram a dez zoológicos norte-americanos e testaram vinte e seis ursos polares de cativeiro para ver como eles respondiam aos odores da pata de ursos estranhos. Em caso dos cotonetes dos dedos de ursos selvagens conterem alguma doença – causando a contaminação de agentes – e no caso dos ursos de cativeiro quisessem, por acaso, lambê-los – os pesquisadores fizeram uma mancha de cada amostra de odor em um pedaço de papelão e apoiada dentro de uma caixa de madeira. Os ursos de cativeiro poderiam se aproximar  das caixas e cheirá-las, mas não poderiam tocar as amostras diretamente.

polar_bears_1Os pesquisadores penduraram pares das caixas com odores próximas a cada urso de cativeiro e os observou para ver por qual caixa o animal se interessava mais. Eles mediram o interesse dos ursos de três diferentes maneiras: Aproximação da caixa, fungadela da caixa, e “flehmen” – um certo tipo de farejo mamífero em que o animal enrola a parte superior da língua pra trás e funga, inala, o odor com sua boca.

Em geral, o ursos estavam mais interessados em odores de patas do sexo oposto, e se aproximavam mais das caixas de odor da primavera (sua temporada de procriação) do que as de outono. E nas de primavera, ursos machos mostraram quase o dobro de interesse no odor de fêmeas férteis dos que as não-férteis.

Claramente, os ursos polares estavam lendo algum tipo de informação nos odores das patas de outros ursos. Quando os pesquisadores dissecaram as patas de dois ursos polares já mortos, conseguiram encontrar suor “proeminente” e glândulas de óleo. Essas glândulas podem ser responsáveis pelo cheiro característico que os ursos deixam em suas trilhas – embora, segundo os autores, que não pode se descartar o fato de ursos polares também usarem urina para marcar odores.

Julgando pelo interesse especial dos ursos de cativeiro em odores do sexo oposto – especialmente na primavera, e especialmente quando fértil – parece que ursos polares usam sinais no cheiro das patas para localizar parceiros em potencial. Um urso polar pode encontrar um parceiro e fazer mais ursos polares por seguir essa trilha de pegadas atrativas. Porém, segundo os autores apontam, que isso só funciona enquanto o gelo do oceano no qual os ursos caminham estiver intacto. Quanto mais o gelo derrete, mais fragmentadas serão as trilhas dos ursos, deixando-os presos sem nenhum odor para farejar, a não ser o seu próprio.

ursopolarfamiliaFonte: Discover